Por João Gualberto
Todos os que acompanham os bastidores das eleições municipais que serão realizadas no ano que vem, sabem que já existe forte movimentação dos pré-candidatos, seus partidos e grupos políticos. Normalmente os que estão em postos de poder falam que ainda é cedo para falar de eleições, que estão focados em seus mandatos. Na maioria das vezes é simples teatro. Pensam nelas o tempo todo, e se movimentam sempre levando em conta seus elementos. Os demais candidatos buscam visibilidade através de lançamento de pré-candidaturas, ações partidárias e presença nas mídias. Ações práticas para as suas existências.
No caso da nossa capital não é diferente. É forte a movimentação. Levantamento quantitativo feito pela Paraná Pesquisas e divulgado recentemente – que estão muito próximos de outra pesquisa, feita pelo instituto capixaba Perfil – mostra um quadro com a presença do atual prefeito Pazolini, candatíssimo a reeleição, além do petista João Carlos Coser, que aparece em segundo, e as presenças marcantes do Capitão Assunção, Camila Valadão e o ex-prefeito Luiz Paulo Velozo. Tyago Hoffman ainda aparece discretamente. Todos estão em movimento e em busca de seus espaços políticos e eleitorais.
Chama a atenção o reposicionamento do atual prefeito. Como vivo na capital, tenho acompanhado a ampliação dos investimentos que têm sido feitos. São muitas obras e todas com grande visibilidade. Todas têm cálculo eleitoral. Além disso, algumas medidas que atingiram os servidores municipais estão também certamente nesses cálculos. Um minucioso trabalho de acompanhamento dos prefeitos capixabas no instagram feito pela Persona – empresa que ajudo a dirigir – também mostra um reposicionamento de Pazolini. Resultado prático: cresceu nas intenções de voto das pesquisas.
Outro elemento que a pesquisa revela é o impacto do ingresso da deputada estadual Camila Valadão na cena política da eleição. Suas intenções de voto sangram o ex-prefeito petista João Coser. A primeira impressão que esse movimento causa no mercado político é que as duas candidaturas juntas serão fortes. Uma aliança entre PT e PSOL poder surgir daí. Ou não. A jovem e combativa deputada pode querer testar seu nome e acumular capital político. Esse movimento terá grande impacto no quadro que estou analisando.
Luiz Paulo, agora mais seguro no PSDB, onde dirige o diretório municipal de Vitória, é um grande player. Em 2020 não pode disputar a eleição municipal por desavenças partidárias no próprio PSDB. Aparecia nas pesquisas, entretanto, do mesmo tamanho de Coser. Em 2020 Coser disputou o segundo turno como o candidato do governador Renato Casagrande e tenho bom desempenho. Caso Luiz Paulo estivesse na disputa não sabemos como teria sido, nem como o governo do estado teria se posicionado. O fato concreto que agora mais ancorado partidariamente, ele é um forte ator no processo.
O Capitão Assunção, presença forte nos setores militares da extrema direita, precisa dizer aos seus eleitores como será sua campanha para prefeito. Ela ancorou sua ascensão política na afirmação da pauta de costumes muito conservadora, uma das bases mais sólidas no bolsonarismo. Ele é o representante desses setores nas eleições de 2024 em Vitória. Veremos como será o seu comportamento. Certamente será relevante, vocaliza muitos sentimentos.
Tyago Hoffman ensaia uma candidatura pelo PSB. Está ainda muito no começo. A maioria dos observadores da cena política, acredita que ele faz um balão de ensaio para ampliar sua importância no processo e ter peso na mesa das decisões. Essa é uma certeza que não devemos ter em políticas. A candidatura de Tyago poder ser para valer. Caso tenha o apoio declarado o governador Renato Casagrande e da cúpula do PSB, da qual ele é membro importante, vai fazer parte do time da série A das eleições.
Em resumo, vivemos uma espécie de ensaio geral. Muita coisa ainda vai acontecer. Os movimentos do governador Casagrande serão vitais. Quem viver verá.
Artigo publicado originalmente no jornal ES Hoje no dia 26 de setembro de 2023.

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